1º Encontro de Departamentos da Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Cardiomiopatia Induzida por Marcapasso, um diagnóstico diferencial esquecido?

Resumo

Introdução A estimulação cardíaca artificial com estimulação ventricular direita (VD) é o tratamento de escolha para pacientes com bradicardia sintomática. Entretanto, uma alta carga de estimulação VD pode promover efeitos deletérios como desenvolvimento de fibrilação atrial, aparecimento de insuficiência cardíaca ou mesmo aumento de hospitalização e mortalidade. A Cardiomiopatia Induzida por Marcapasso (CMIMP) caracteriza-se por redução ≥10% da fração de ejeção sem outra causa definida. Descrição do caso Mulher, 89 anos, procura a emergência com piora de classe funcional, ortopneia, dispneia paroxística noturna e edema de membros inferiores. Relata internações recorrentes nos últimos 2 anos devido a "coração grande". Refere implante de marcapasso bicameral há 3 anos. Faz uso de enalapril 20 mg/dia, dapagliflozina 10 mg/dia, espironolactona 25 mg/dia e bisoprolol 10 mg/dia. Ao exame físico, apresenta ritmo regular, estertores crepitantes bilaterais até terço médio, turgência jugular patológica, hepatomegalia e refluxo hepatojugular, além de edema bilateral até raiz das coxas 3+/4. Restante do exame dentro da normalidade. No eletrocardiograma nota-se bloqueio de ramo esquerdo com complexo QRS de 180 ms. Ecocardiograma transtorácico (ECOT) mostra aumento de cavidades esquerdas e disfunção sistólica grave por hipocinesia difusa do ventrículo esquerdo (VE). ECOT prévio ao implante mostrava função contrátil global e segmentar do VE preservada. Realizada Angiotomografia de Coronárias e Ressonância Magnética Cardíaca onde se via ausência de doença aterosclerótica coronariana e ausência de realce tardio, excluindo possível sequela de cardiomiopatia inflamatória. Como já se encontrava em uso de terapia medicamentosa otimizada para insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) e ainda sintomática, optou-se por implante de ressincronizador biventricular. Nove meses após o tratamento, a paciente apresentou melhora importante dos sintomas, além de remodelamento reverso do VE e normalização da fração de ejeção. Conclusão A CMIMP é uma condição iatrogênica não tão rara, decorrente da dissincronia ventricular, que pode levar ao aumento de desfechos duros. Faz-se necessária a pronta identificação desta síndrome e de pacientes em risco para a realização do tratamento adequado. Acredita-se que o desenvolvimento da estimulação "fisiológica" do feixe de His ou do próprio ramo esquerdo possa minimizar seus efeitos deletérios em pacientes selecionados.

Palavras Chave

Insuficiência Cardíaca; Terapia de Ressincronização Cardíaca; Cardiomiopatia

Área

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIA/ TRANSPLANTE

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

MATEUS GONÇALVES LOPES ROCHA, DIOGO BARROS GUTTERRES