Dados do Trabalho
Título
Ponte Miocárdica em Paciente Jovem
Resumo
Introdução A ponte miocárdica (PM) corresponde a uma anomalia congênita coronariana, caracterizada, mais frequentemente, por um segmento de uma artéria coronária epicárdica que atravessa o miocárdio. Desta maneira, tem-se que a PM é uma alteração hereditária promotora de isquemias miocárdica e de infartos do miocárdio com artérias coronárias não obstruídas. Essa anomalia genética prevalece em mais de 30% da população, mas dificilmente será diagnosticada. O diagnóstico pode ser feito por exames de imagens não invasivos cuja prevalência média é de 4% em angiografia coronária ou métodos invasivos, sendo a prevalência de 20,5% em angiotomografia computadorizada coronariana, variando conforme a qualidade dessas. A PM apesar de ser benigna na maioria dos casos, é de difícil diagnostico, e, em um grupo minoritário está associada à dor torácica sem doenças coronarianas pré-existentes. Além disso, 13,6% dos pacientes que apresentam dor torácica aguda têm uma ponte miocárdica associada. Em virtude disso, apresentamos um caso de um jovem do sexo masculino com dor torácica associada à ponte miocárdica sem precedentes de doença coronariana. Casos como esse são de difícil identificação, por isso, o conhecimento sobre tal anomalia é fundamental para que se evite um diagnóstico incorreto. Relato de Caso Paciente do gênero masculino, 23 anos, foi admitido no pronto-socorro com relato de há 30 minutos ter sentido dor torácica retroesternal, anginosa, de moderada intensidade, de início súbito, com duração de 20 minutos, sem irradiação, náuseas, vômitos ou sudorese associados. Sem comorbidades, negou uso de drogas lícitas e ilícitas ou energéticos. História familiar de DAC (doença arterial coronariana) em seus tios. O eletrocardiograma (ECG) evidenciou um supra desnivelamento do segmento ST na parede anterolateral (V3, V4, V5, V6, DI e AVL). Diante do exposto, paciente foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a realização de coronariografia em caráter de emergência. A coronariografia evidenciou coronárias isentas de lesões obstrutivas fixas e presença de discreta ponte miocárdica em terço médio da artéria descendente anterior. Volume diastólico, residual sistólico e contratilidade se encontram normais e preservadas, assim como a válvula mitral. Exames laboratoriais de admissão: Troponina T = 0,44 ng/ml (variação normal 0,0-0,10 ng/ml), D-Dímero = <0,1 mg/L (normal 0,0-0,5 mg/L), NT-PROBNP = 1470 pg/ml (normal <300 pg/ml), Lactato=26,2 mg/dl (normal 4,5-19,8 mg/dl). Realizado ecocardiograma transtorácico (ETT), que revelou fração de ejeção (FE) de 69%, com ausência de alterações segmentares e sem evidências de cardiopatia estrutural. Durante a internação hospitalar, o paciente permaneceu assintomático, sem queixas de dor torácica ou quaisquer sintomas concomitantes. O diagnóstico diferencial desse jovem, foi dor torácica associada a ponte miocárdica. O paciente foi encaminhado para o seguimento ambulatorial com cardiologista na sua cidade de origem. Conclusão Evidências recentes demonstraram que a ponte miocárdica pode levar à isquemia miocárdica, o que se associa à dor torácica. O diagnóstico, entretanto, pode ser de difícil visualização. Diante disso, baseado no histórico do paciente e da disponibilidade dos exames, deve-se ponderar o risco benefício na escolha do método diagnóstico. Nesse âmbito, quanto à disponibilidade de realização dos exames, a mesma está diretamente relacionada à dificuldade de identificação da anomalia genética. Isso porque, os exames de angiografia e angiotomografia computadorizada apresentam uma alta dificuldade de acesso. Assim, cabe ao profissional o manejo correto das recomendações e assim, preconizar um exame invasivo somente se houver a necessidade.
Palavras Chave
Ponte Miocárdica; jovem
Área
DOENÇAS CARDIOVASCULARES NEGLIGENCIADAS
Categoria
Jovem Pesquisador
Autores
AILTON RODRIGUES DA SILVA, NYCOLAS FONSECA GOMES ANTUNES DOS SANTOS, ISABELA POLATO DE ASSIS COSTA