Dados do Trabalho

Título

BAVT COMO FORMA DE REATIVAÇÃO DA DOENÇA DE CHAGAS EM TRANSPLANTADO CARDÍACO

Resumo

A doença de chagas é uma doença endêmica na maioria dos países da América Latina. Uma das formas mais graves, a miocardiopatia chagásica crônica, que pode ser caracterizada por disfunção biventricular severa, insuficiência cardíaca progressiva, distúrbios graves da condução atrioventricular e arritmias ventriculares complexas, além de fenômenos tromboembólicos. Essa forma apresenta evolução progressiva e com grave prognóstico. Em muitos casos é necessário o transplante cardíaco como tratamento definitivo. Em virtude da necessidade da imunossupressão, cerca de 20% dos pacientes irão apresentar reativação da doença de chagas, com diferentes características clínicas.   Esse estudo visou relatar uma forma atípica de apresentação em que a nossa paciente reativou a doença de chagas com bloqueio atrioventricular total (BAVT). Paciente do sexo feminino, 55 anos, com diagnóstico de Doença de Chagas, teve o transplante cardíaco realizado dia 17/02/2022. Utilizou ciclosporina, micofenolato e prednisona como imunossupressão inicial. Realizou pulsoterapia com metilprednisolona para tratamento de rejeição aguda do enxerto. Paciente retornou ao hospital no dia 09/07/22 com quadro de vertigem e bradicardia, sem sinais de instabilidade. ECG inicial mostrou ritmo de FA associado ao bloqueio atrioventricular. Eco solicitado na urgência não mostrou alterações significativas que pudessem nos remeter a algum diagnóstico. Realizado exames para CMV (negatvo) e pesquisa do trypanossoma cruzi em amostra de sangue periférico. Realizado holter no dia 14/07/22, documentando ritmo sinusal, momento em que teve alta hospitalar. Paciente retornou ao hospital dia 21/07/22 com quadro de bloqueio atrioventricular total, sendo necessário implante de marcapasso transvenoso definitivo como tratamento do BAVT. Realizada nova biópsia endomiocárdica que não mostrou novas rejeições. Paciente segue em acompanhamento   O transplante cardíaco é uma opção terapêutica para pacientes com miocardiopatia chagásica terminal. No entanto, pode ocorrer reativação após o transplante, levando a maior morbidade e disfunção do enxerto. A maior incidência foi verificada no primeiro ano depois do transplante, quando a imunossupressão está mais acentuada em virtude da ocorrência de rejeição celular. Por conta de não existir profilaxia e ser um evento bastante comum em paciente transplantado cardíaco, é de extrema importância conhecer as diferentes formas de apresentação clínica da reativação da Doença de Chagas.

Palavras Chave

Bloqueio de ramo atrioventricular total; Doença de Chagas; TRANSPLANTE CARDÍACO