Dados do Trabalho

Título

Associação do uso de colchicina com eventos cardiovasculares e de membros na doença arterial periférica: Resultados de um estudo de coorte multicêntrico

Resumo

Fundamentos Ensaios clínicos randomizados demonstraram a eficácia antiinflamatória da colchicina na prevenção de eventos cardiovasculares na doença arterial coronariana. No entanto, seu papel na doença arterial periférica (DAP) permanece inexplorado. Objetivo Para abordar essa lacuna de conhecimento, realizamos um estudo de coorte retrospectiva, multicêntrico e em larga escala para avaliar a associação do uso de colchicina com eventos adversos cardiovasculares maiores e de membros em indivíduos com doença arterial periférica de membros inferiores. Métodos                                                                                                                                                                                        Realizamos um estudo de coorte retrospectiva utilizando a plataforma "TriNetX Network". Incluímos pacientes com DAP de membros inferiores inscritos na rede entre 1º de janeiro de 2013 e 1º de janeiro de 2023. Excluindo aqueles com prescrição de colchicina para condições não cardiovasculares, realizou-se um pareamento por escore de propensão entre usuários de colchicina e aqueles para os quais colchicina não foi prescrita com base em idade, sexo, condições médicas relevantes , medicamentos, fatores socioeconômicos e psicossociais.O desfecho primário foi a combinação de eventos adversos cardiovasculares maiores e de membros (MACLE). As incidências cumulativas de dez anos e as taxas de risco foram calculadas. Resultados                                                                                                                                                                          Identificamos 21.619 pacientes tratados com colchicina e 1.458.526 pacientes não tratados com colchicina com diagnóstico de DAP de membros inferiores. Após o pareamento por escore de propensão em 1:1, 21.617 pacientes foram pareados em ambos os grupos, ficando estes bem equilibrados de acordo com suas características basais. Ao longo de dez anos, o uso de colchicina foi associado a redução de MACLE (HR, 0,91; IC 95%, 0,87–0,95; p < 0,001), amputação de membros inferiores (HR, 0,64; IC 95%, 0,54–0,75; p < 0,001 ), revascularização de membros inferiores (HR, 0,72; IC 95%, 0,67–0,77; p < 0,001), infarto do miocárdio (HR, 0,95; IC 95%, 0,79–0,92; p < 0,001) e acidente vascular cerebral isquêmico (HR, 0,86 ; IC 95%: 0,79–0,94; p < 0,001), mas não houve redução de MACE (HR, 0,97; IC 95% 0,93-1,01; p = 0,211) ou mortalidade por todas as causas (HR, 0,99; IC 95%, 0,96– 1,03; p = 0,948). Conclusão                                                                                                                                                                                              A colchicina foi associada à redução de eventos cardiovasculares maiores e de membros em pacientes com DAP, justificando uma investigação mais aprofundada.  

Palavras Chave

Colchicina; Doença aterotrombótica; Doença arterial periférica